sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

COM SÃO FRANCISCO PREPAREMO-NOS PARA O SANTO NATAL


2° DOMINGO DO ADVENTO
06/12/2015
ANO C: São Lucas

Liturgia da Palavra: Br 5, 1-9; Sl 126, 1-6; Refrão: 126,3; Fl 1, 4-6; 8-11; Lc 3, 1-6

Mensagem: PREPARAI O CAMINHO DO SENHOR
Imagem (Cena): João Batista, movido pelo Espírito prepara e batiza multidões para o “Dia do Senhor”.
Sentimento: Expectativa (angústia: coração na mão diante do dia “D”).

Introdução:
O mistério que celebramos neste 2° domingo do Advento se resume na preparação da Vinda do Senhor. A segunda vinda de Cristo, anunciada no Antigo Testamento como “Dia do Senhor” é chamada por Paulo como “Dia de Jesus Cristo” (Fl 1,6), ou, simplesmente, de “Dia de Cristo” (1,10). É o dia “d”, o dia decisivo: o dia do juízo, que consuma o reinado de Deus na terra.

I.  Uma Vinda que comove

Todos sabemos como é importante em nossa vida uma boa preparação. Dela depende, muitas vezes, o sucesso de todo um empreendimento que virá. No estudo acadêmico ou na formação cristã e religiosa, por exemplo, o mais importante de todas as etapas é a formação inicial, também chamada de fundamental, básica ou primária.

Toda preparação implica numa parada para ver o anterior. Formado por um “pre” e um “parar”, o verbo “pre+parar” aponta para a necessidade de uma atenção especial que seja capaz de ver e captar um “pré”, um anterior. Há pois, diz a Liturgia deste domingo, uma força originária que precisamos ver, celebrar e acolher.

Na verdade esse anterior é o próprio Filho de Deus que em sua primeira Vinda iniciou em nós e em toda a humanidade uma obra inaudita: transformar-nos de filhos do homem em filhos de Deus como Ele é Filho do Pai do Céu. São Paulo, além de falar com muita ternura, alegria e gratidão desse mistério, testemunha que Aquele que começou em vós essa boa obra haverá de levá-la à perfeição até o dia de Jesus Cristo (V. 6). Essa deve ser, pois nossa fé, nossa esperança.

A consumação da obra do Evangelho em nós, porém, se dá pela caridade superfluente, superabundante. Movido por essa obra, iniciada pela Vinda de Cristo, Paulo, ama os cristãos de Filipos com um amor entranhado: ele os preza “nas entranhas de Cristo”. Um amor que supera toda a medida; um “amor que superabunde (perisseue) mais e mais, em conhecimento (epignosis) e em toda a percepção (aisthesis), para discernir o que melhor convém” (Fl 1, 9-10a).
Trata-se, portanto, de um amor-doação nascido do alto e sustentado pela iluminação e pelo fervor da graça da visita do Senhor. Vivendo assim, na dinâmica da superabundância do amor esclarecido, o cristão se prepara para o novo “Dia de Cristo”: “Assim sereis puros e irrepreensíveis para o Dia de Cristo, cumulados do fruto da justiça que nos vem por Jesus Cristo, para a glória e o louvor de Deus” (Fl 1, 10b-11).

II. João Batista o precursor

A Liturgia de hoje centraliza-se na figura de João Batista, filho do sacerdote Zacarias, conhecido como o Precursor do Messias. Batista, porém, em vez de exercer seu sacerdócio no Templo, segundo os rituais da Lei e como era de seu direito, movido pelo Espírito, foi para o deserto a fim de dar início à preparação de um novo Povo de Deus, de uma nova religião, de um novo culto, de uma nova prática religiosa nascidos do alto e não dos homens.

Precursor é aquele que corre à frente abrindo e preparando caminhos para outros que vem atrás. Lucas situa a vocação profética de João num quadro histórico bem concreto, marcado por uma profunda crise ou decadência tanto por parte das autoridades políticas do Império Romano como religiosas de Israel. A intenção do evangelista é muito clara: mostrar que o reinado de Deus é novo e universal. O novo Reino ou Povo de Deus será para todos os seres humanos, de todos os povos, puros ou impuros, judeus ou pagãos. João foi chamado para ser o profeta, o anunciador e preparador dessa nova humanidade.

Profeta é um homem que está sob o Espírito de Deus. Por isso, Lucas diz: “aconteceu que a palavra de Deus esteve sobre João, filho de Zacarias, no deserto” (Lc 3,2). Aquele que é assim tomado por Deus sofre uma guinada no curso de sua vida. Ele não vive e nem fala mais a partir de si, mas a partir do Espírito e da Palavra de Deus. Por ser inflamada pelo fogo do Espírito essa fala é apaixonante e clarificadora. Uma fala que anuncia o Reinado do Deus que vem e que, ao mesmo tempo, faz notar o que é preciso para receber este Reinado, e como preparar os caminhos para este advento.

III. Uma voz cuja Palavra ressoa até hoje 

Santo Agostinho dizia que João era a voz, mas Jesus, a Palavra. A voz está a serviço da palavra. Ela é um veículo que faz chegar a palavra aos ouvidos e ao coração daqueles que escutam. A palavra que veio sobre João no silêncio do deserto ressoa nas cidades como um anúncio e um clamor. João é um mensageiro que proclama o anúncio da vinda do Rei. No anúncio de João ressoava a conclamação ao “batismo de conversão”. Os homens deveriam vir para receber um banho purificador, que celebrava gestualmente, a disposição da conversão. A palavra grega, traduzida por conversão, é “metánoia”. João é aquele que conclama para a “metánoia”: a reviravolta, a guinada, no pensamento (nous). Esta guinada no modo de pensar, esta revolução no pensamento, é, pois, a condição fundamental para receber o advento do Reinado de Deus. Hoje também nós somos atingidos por esta conclamação. Com ela, nos vem também a comunicação de uma alegria: com o advento do Reinado de Deus nos é concedido – por gratuidade – o “perdão dos pecados”. É o acontecer da reconciliação com Deus.

Algo da alegria desta reconciliação com Deus ressoa tanto na pregação de João, calcada sobre a pregação de Isaías, quanto nas palavras do profeta Baruc. Aqui a conversão aparece como um retorno para Deus. Este retorno é, ele mesmo, obra de Deus nas vidas dos homens. É Deus que os faz retornar a Ele mesmo, desde que encontre neles a devida disposição de conversão. É Deus que eleva o ânimo dos que estão caídos. É Deus que rebaixa o ânimo dos que se exaltaram por sua soberba. Uma vez que os caminhos tortuosos se tornam retos e os caminhos ásperos se tornam planos, todos os seres podem ver a salvação de Deus.

Ele rebaixa as montanhas e as dunas, ele enche os vales e nivela a terra, manda as árvores crescer e fazer sombra, faz tudo, para que o seu povo possa avançar com passo seguro para dentro de sua glória, da glória de Deus. “Pois Deus guiará Israel, na alegria, à luz de sua glória, acompanhado da misericórdia e da justiça que lhe pertencem” (Br 5, 9). Esta mesma alegria do retorno para Deus vem assim decantada pelo salmista desta Missa: Entre os gentios se dizia: “Maravilhas fez com eles o Senhor!” Sim, maravilhas fez conosco o senhor!

Conclusão
Este é o momento para dizer a Jesus Cristo: “Senhor, deixei-me enganar. De mil maneiras fugi do vosso amor, mas aqui estou novamente, para renovar minha aliança convosco. Preciso de vós. Resgatai-me de novo, Senhor. Aceitai-me mais uma vez nos vossos braços redentores” (Papa Francisco em EG 3)

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