2° DOMINGO
DA PÁSCOA
Domingo da
Misericórdia (Jo
20,19-31)
“Põe o teu dedo nas minhas chagas, Tomé e não sejas
incrédulo, mas fiel”
Frei Dorvalino Fassini, OFM
O Tempo da
Páscoa – uma Festa de 50 dias ou sete semanas – tem como objetivo aprofundar-nos
cada vez mais no mistério maior de nossa vida, inaugurado por Jesus Cristo no
Presépio e consumado na Cruz. Hoje, através de Tomé, somos convidados a fazer um
ato de fé nas chagas salvadoras de Jesus e assim curar-nos de todas as nossas
chagas.
Mistério, aqui, é mais que uma verdade, conceito ou
doutrina. É o próprio Deus que se revela na Pessoa de seu Filho que vem ao nosso
encontro, principalmente em sua Cruz e Ressurreição. Por isso, diz o Papa
Francisco: no início do ser cristão, não
há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma
Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo (EG 7).
Esse é o mistério de todos os mistérios. A maravilha... a grande Alegria que
alegra e salva todos os homens.
Infelizmente, por vivermos mais na inflação das palavras,
das doutrinas e teologias do que no vigor da fé essa Boa Nova tão simples,
clara, concreta e profunda não diz quase mais nada ou muito pouco. Não nos leva
para a gratuidade da doçura do encontro ou do reencontro (EG 3) com JC
crucificado, o mais belo dos filhos dos homens. É como alguém que pega seu carro
para passear. Mas, em vez de olhar e saborear a beleza da paisagem fica apenas
olhando para o carro e para a estrada.
Precisamos ser como santo Tomé: querer tocar nas chagas
do Crucificado.
Nós Franciscanos temos em nosso Seráfico pai exemplos
maravilhosos. Foi tocando o leproso que teve a graça da conversão; foi tocando
um leproso rebelde que conseguiu convertê-lo por dentro e por fora. Mas, para
podermos entrar na graça curadora das nossas chagas é preciso, como ele, que
imploremos a misericórdia do Senhor: Certo dia, não aguentando mais sua miséria,
começou a implorar com maior fervor a misericórdia do Senhor... ( cf. LTC
13,1).
Tocar não é só um ato externo, mas uma experiência de
enamoramento, afeição e com-paixão e identificação (cf. como nossos
fieis simples gostam de tocar nas imagens, no papa).
Ora, o que são as chagas de Cristo senão sinais da máxima
experiência do amor, da fé, na bondade, na misericórdia, na compaixão de Deus
para conosco. Com sua vinda ao mundo, com sua morte e ressurreição, Cristo introduz na história um novo princípio de ser homem, de
ser gente: o princípio, a regra da compaixão, da misericórdia.
O tempo da Páscoa, isto é, o tempo que vai da Sexta feira
da Paixão até a consumação dos séculos, é para apender a tocar com misericórdia
nossas (minhas e dos outros) chagas. Chagas morais e espirituais, chagas
pessoais e sociais, particulares e comunitárias.
Dentro desse
mistério
a sorte e a essência do homem não é nem desenvolvimento, nem santidade e nem
mesmo felicidade, mas poder amar do jeito como o Pai nos ama; é amar como Cristo
amou, num amor que persevera de modo alegre na graça de poder doar-se com toda
confiança e dedicação Àquele que o abandonou.
Eis a Boa Nova, a Alegria do Evangelho. O novo sentido do
homem!
Só nos resta fazer como Tomé: ajoelhar-nos diante desse
Mistério e proclamar como ele: “Meu Senhor e meu Deus!”
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