Domingo, 27 de
abril, numa celebração simples e ao mesmo tempo inédita, repleta de unção
evangélica e emoções, presidida pelo papa Francisco, tivemos a feliz graça de
ver a canonização de dois papas ao mesmo tempo: João Paulo II (1978-2005) e o
franciscano João XXIII, ‘il papa buono´
(1958-1963).
Poucos nos damos conta ou sabemos
que João XXIII foi franciscano. Isso, talvez ou certamente, se deva ao fato de
ter sido franciscano da Ordem Franciscana Secular. Fosse membro da primeira
Ordem, certamente, estaríamos celebrando-o com toda divulgação possível e,
provavelmente, também, com certo ufanismo mundano. Como ou porque é tão difícil
sair dessa discriminação? A razão nos parece muito simples: porque ainda não
conseguimos compreender e aceitar que todos os franciscanos, independentemente
da Ordem, somos portadores de um único e mesmo carisma, de uma única e mesma
dignidade e responsabilidade evangélica.
Mas, a canonização do papa do
Concílio aumenta nossa alegria, felicidade e responsabilidade, também e
principalmente, pelo título com o qual foi canonizado: o santo da “docilidade ao
Espírito”.
Essa sua característica é devida,
principalmente, ao fato de, em seu tempo, que ainda é o nosso, ter captado os
sinais da necessidade de um novo Concílio ecumênico. Um Concílio que levasse a
Igreja, os católicos a deixar de viver de costas para a humanidade e se
encarnassem no mundo de hoje através do “retorno às origens do Evangelho e de Jesus
Cristo”.
Ora, segundo as Legendas
franciscanas, foi justamente o intenso cultivo dessa mesma docilidade ao
Espírito que levava Francisco a perceber e captar as inúmeras inspirações,
visitas e apelos do Senhor, a começar pela amargura que sentia diante dos
leprosos, pela compaixão que os pobres e mendigos de rua despertavam no coração
dele. Foi aquela virtude que suscitou o início de um dos maiores e mais belos
movimentos “revolucionários”, de conversão que a Igreja já conheceu: o
Franciscanismo. Uma conversão ou penitência que tinha como centro, justamente,
como a Igreja conciliar de hoje, a busca do encontro com o Jesus Cristo do
Evangelho, dos pobres, da simplicidade, da alegria e da fraternidade universal.
Um movimento que atingiu e abrangeu pessoas e fiéis de todos os níveis e
ambientes, desde papas, bispos e sacerdotes até leigos mais humildes, desde
intelectuais das universidades até artistas e simples trabalhadores do campo e
profissionais liberais.
São Francisco considerava de
tamanha importância o cultivo dessa docilidade que chegou a estabelecê-la como
um dos artigos básicos de sua Regra. Por isso, exortava e admoestava seus irmãos
a que jamais se deixassem levar pelo “mundanismo espiritual” (papa Francisco) da soberba, vanglória, inveja, avareza,
cuidado e solicitude deste século, detração e murmuração, mas que estivessem
sempre atentos, antes de tudo, ao Espírito
do Senhor e seu santo modo de operar (RB 10,8-9).
Que São João XXIII, nesta
angustiante e preciosa crise, nesta fecunda e desafiadora mudança de época, nos
ajude a sermos dóceis e atentos ao Espírito! Amém!
Frei Dorvalino Fassini,
ofm
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Nota: A Festa de São João XXIII é
11 de outubro
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Nota: A Festa de São João XXIII é
11 de outubro
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