sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Trânsito de São Francisco

Frei Dorvalino Fassini, OFM

Há entre nós franciscanos um costume muito antigo: a celebração do Trânsito, isto é da morte, de São Francisco. Ela acontece na véspera de sua Festa, isto é, na noite do dia 3 de outubro. Chama-se Trânsito porque para nós a morte é nada. Não existe. O que existe é apenas uma passagem, um - trânsito - para nossa verdadeira pátria, nossa origem e fim: o mistério do Deus trino e uno, cheio de amor misericordioso. Mas, por que se faz essa celebração?

Capela n. 20: Morte de São Francisco.
Sacro Monte di Orta, Piemonte, Itália
Entre outros motivos é para ver, admirar e acolher a maneira inaudita, sumamente evangélica e feliz de Francisco enfrentar a morte. Segundo os seus biógrafos, quando percebeu que a morte estava se aproximando exclamou: “Bem-vinda, irmã Morte! Depois, pediu aos Irmãos que lhe cantassem o Cântico das Criaturas que ele mesmo havia composto dois anos antes. Mas, agora, ele acrescentou esse verso: “Louvado sejas meu Senhor pela irmã a morte corporal, da qual homem algum pode escapar!”

E, como, desde sua conversão, foi um fiel imitador de Cristo, quis também ele fazer uma última ceia com seus irmãos. Por isso, pediu que lhe trouxessem um pão. Depois de tê-lo abençoado repartiu-o entre os Irmãos como sinal do amor de Cristo para com eles e, para que assim, nesse amor também eles continuassem vivendo.

         Finalmente, também, como Cristo, depois de ter exortado os Irmãos a permanecerem fiéis na observância do Evangelho, exclamou: Filhos, estou sendo chamado por Deus. A meus Irmãos, tanto presentes como ausentes, perdôo todas as ofensas e culpas e os abençôo tanto quanto posso, exterior e interiormente. Adeus, meus filhos, vivei sempre no temor do Senhor. Eu me apresso a ir para a casa do Senhor, para o meu Deus e vosso Deus.

Foi assim que Francisco partiu desta vida passageira para a vida eterna.

A maneira de fazer a celebração desse Trânsito varia muito. Mas, de modo geral, ela tem como centro a leitura e a mediação de um trecho das Fontes Franciscanas que testemunham esse comovente momento da vida de Francisco. Em certas fraternidades, inclusive, esse relato é acompanhado de uma encenação ao vivo, tornando, assim, ainda mais expressivo e comovente o espírito alegre, esperançoso e fraterno de Francisco enfrentar a irmã morte, despedindo-se dos seus e desse mundo.

Em louvor de Cristo crucificado e de seu servo e nosso irmão Francisco.

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