Frei Dorvalino Fassini, OFM
Talvez poucos recordam que entre as grandes prerrogativas desse Papa está o fato de ser franciscano. Quando ainda jovem estava se formando, no Seminário de Bérgamo, sob a orientação de seu diretor espiritual, professou a Regra de São Francisco aos 23 de Maio de 1897, recebendo, então, o nome de Irmão José. Por isso, depois, quando Papa se fez presente num Congresso internacional da Ordem Franciscana Secular, as primeiras palavras que pronunciou não foram “Eu sou o vosso Papa”, mas: Eu sou José, vosso Irmão.
João XXIII era franciscano acima de tudo de alma, de espírito. Por isso, podiam se ver em seu rosto o brilho da bondade dos inocentes, a perfeita alegria dos pobres e crucificados de que fala Cristo no Evangelho das bem-aventuranças, a fé e a confiança dos pequeninos, a fraternidade universal, acompanhada de um profundo sentimento de compaixão para com todos os homens, principalmente para com as crianças e os doentes, como se pode ver neste trecho do famoso Discorso alla luna, proferido no dia 11 de Outubro, na Praça São Pedro, logo após ter procedido a abertura do Concílio Ecumênico:
Poderíamos dizer que até mesmo a Lua está com pressa esta noite... Observem-na, lá no alto, está a olhar para este espetáculo (o Concílio) [...]. A minha pessoa nada vale: é um irmão que fala para vocês, um irmão que virou pai por vontade de Nosso Senhor. Vamos continuar a nos querer bem uns aos outros [...]. Voltando para casa, encontrarão as crianças. Deem a elas um carinho [(ou uma carícia)] e digam: "Este é o carinho do Papa”. Talvez as encontreis com alguma lágrima por enxugar. Tende uma palavra de consolo para aqueles que sofrem. Saibam os aflitos que o Papa está com os seus filhos, sobretudo nas horas de tristeza e de amargura. E depois, todos juntos vamos amar-nos uns aos outros, [...] sempre cheios de confiança em Cristo que nos ajuda e nos escuta [...]. Adeus, filhinhos. À bênção junto o desejo de uma boa noite" (internet: Discorso alla luna).
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