domingo, 30 de outubro de 2011

Ecos da celebração do Espírito de Assis

ou A peciência de Evangélica segundo Francisco

[Frei Dorvalino Fassini, OFM]

Entre as primeiras caracterizações ou definições do carisma franciscano costuma-se colocar a penitência evangélica. “Somos penitentes de Assis”, respondiam os primeiros frades ao serem interrogados acerca de sua origem (Cf. LTC 37).

Só que ser penitente para Francisco em vez do caminho dos fariseus que, através de seus exercícios e sacrificações, buscam sua auto-realização, significa percorrer o jubiloso caminho de retorno do filho pródigo para sua origem, o paraíso perdido, a casa do Pai, inaugurado pela Paixão do Filho do Homem, Jesus Cristo, pobre crucificado, o novo Adão.

Por isso, ao perpassarmos todos os momentos da vida de Francisco haveremos de perceber o júbilo não do herói que busca seu próprio engrandecimento, mas a perfeita alegria do caminho das bem-aventuranças que culmina e se consuma no alto do Gólgota quando Cristo exclama, sumamente feliz e realizado: “Tudo está consumado”.

Consequentemente, a penitência evangélico-franciscana, antes do aspecto de sacrificação, deve ser compreendida como a grande, profunda e radical transformação – conversão – do mundo todo, da humanidade toda, inaugurada por Jesus Cristo e continuada pelo seu Espírito: inauguração de um novo Céu e de uma nova Terra, o Reino de Deus ou dos céus no meio de nós, como costumava proclamar o Senhor em seus sermões pela Palestina.

Isso tudo significa que, segundo Francisco, a penitência evangélica, entendida como o júbilo do filho pródigo que, tocado pela misericórdia do Pai, põe-se no caminho da volta para a casa paterna, não se restringe apenas a algumas pessoas, no caso os cristãos, muito menos a um grupo restrito que se dedica a sacrifícios e penitências(1). Trata-se, antes, de um dom semeado no âmago mais profundo de cada criatura, de cada homem e de cada acontecimento, no coração, enfim, de toda a história da humanidade. Não somos, portanto, os únicos penitentes e nem mesmo os melhores. Mas, a nós seguidores de São Francisco, é entregue e confiado este carisma como missão ou profissão específica e oficial por parte da Igreja.

Francisco vê na penitência evangélica a “exultatio” (exultação), o júbilo dos filhos pródigos – a humanidade toda - que, tocados pela misericórdia do Pai, se animam a pôr-se no caminho do retorno ao Paraíso perdido da casa paterna. Eis o grande princípio do qual nasce, prospera e amadurece toda a nova vida de Francisco e de toda aquela primeira geração de frades, clarissas e irmãos e irmãs da Terceira Ordem.

Recordemos que foi com este entusiasmo que Francisco iniciou sua conversão ou vida de penitente, desligando-se do mundo para entregar-se inteiramente a Jesus Cristo e seu Evangelho: Ouvi todos e entendei-me! Até agora, chamei Pedro de Bernardone meu pai, mas porque me propus servir a Deus, devolvo-lhe o dinheiro, por cuja causa estava perturbado, e todas as vestes que obtive com seus bens, querendo sem demora dizer: Pai nosso que estás nos Céus e não pai Pedro de Bernardone(2).

Não esqueçamos, também, que o convite à misericórdia e ao amor - coração da penitência evangélica - perpassa todo o ministério da Boa Nova de Jesus: Ide e aprendei o que significam as palavras: Quero misericórdia e não sacrifícios(3). E é bem esse o tom que perpassa toda a vida de Francisco. Neste ponto, a compreensão que Francisco tem de penitência é tão originária quanto originária é a Boa Nova de Jesus Cristo. E como essa também aquela só é compreensível pela fé. Pois, como ensina Pascal, ao se falar das coisas humanas, diz-se que é preciso conhecê-las primeiro para então amá-las, o que se transformou em provérbio. Os santos, ao contrário, dizem que, ao se falar das coisas divinas, é preciso amá-las primeiro, e que só se penetra na verdade por meio da caridade, o que é uma das sentenças mais úteis(4).

Esse princípio exultante e jubiloso do penitente evangélico vem expresso de diversas formas. Ele aparece, por exemplo, quando, na famosa Carta aos Fiéis proclama a bem-aventurança dos que odeiam seus corpos com vícios e pecados para receber o corpo e o sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Recordemos que é esse mesmo princípio que o Senhor, no sermão da montanha, estabelece como caminho para o sumo da felicidade, da bem-aventurança e da realização dos seus seguidores(5).

O júbilo aparece, ainda, através dos verbos que expressam a concretização dessa penitência: amar e receber o Senhor [...], fazer frutificar [...], trazer no coração o Senhor [...], ser filho do Pai celeste [...], etc., culminando na jubilosa exclamação: Oh! Quão felizes e benditos são estes e estas...

A tonalidade jubilosa desta Vida e desta Regra, porém, brilha com toda a sua intensidade e sublimidade quando, na mesma Carta, fala da familiaridade do penitente com as Três Pessoas divinas. Familiaridade que nos torna esposas, irmãos e mães de Nosso Senhor Jesus Cristo; familiaridade que nos dá a ventura de “ter” no céu “um Pai”, um “esposo”, um “irmão” e até mesmo um “filho”.

Até mesmo sua morte em vez de choro foi recheada de alegria e festa, pois, quando o santo viu que sua hora estava chegando mandou trazer um pão, abençoou-o e partiu-o, dando um pedacinho para cada companheiro presente, querendo assim, a exemplo do seu Senhor celebrar, também ele, a alegria da passagem dessa vida para junto do Pai. Quis, assim, passar em ação de graças os poucos dias que ainda restavam até sua morte, convidando todas as criaturas ao louvor de Deus pedindo aos frades que lhe entoassem o Cântico das Criaturas, exortando para esse louvor até a morte, terrível e aborrecida por todos, e, correndo alegre ao seu encontro, convidou-a a ser sua hóspede: Bem-vinda minha irmã morte! (Cf. 2C 217).
  1. Acerca da retumbância desse júbilo leia-se Lc 15,22-24: Mas o pai disse aos seus servos: “Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e calçados nos pés; trazei também o bezerro, cevado e matai-o; comamos, e regozijemo-nos, porque este meu filho estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado”. E começaram a regozijar-se.
  2. LTC 20,3.
  3. Mt 9, 13.
  4. Pascal, "Pensées et opuscules", Paris, 1912, p. 185, citado por Heideger M. em Ser e Tempo, Vozes, 1988, p. 194. O mesmo pensamento já expressava Sto. Agostinho: "Non intratur in veritatem, nisi per charitatem (“Não se entra na verdade senão pela caridade”. Agostinho, "Opera", Migne, P .1. XLII, "Augustinus" VIII, "Contra Faustum", lib. 32, cap. 18, idem.
  5. Cf. Evangelho das bem-aventuranças (Mt 5,1-12 segundo o qual Cristo conclui afirmando: Alegrai-vos e exultai, porque grande será a vossa recompensa nos céus).

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

[OFS : Origens, aspectos históricos e situação no século XXI]

1 ORIGEM E ASPECTOS HISTÓRICOS DA OFS

Sendo Francisco de Assis chamado "o santo da fraternidade universal", por ter abraçado toda a criação como sua irmã, não poderia deixar de atender ao Espírito de Deus, que o inspirou a orientar à vivência do Evangelho a todos os filhos de Deus, inclusive aqueles homens e aquelas mulheres que desejavam viver em penitência em suas próprias casas.

Na história das "Ordens Terceiras", consideradas como realidades autônomas, encontra-se que esta denominação foi usada oficialmente pela primeira vez com relação à Terceira Ordem Franciscana num testamento de 1292.

Em razão da absoluta precedência de São Francisco na orientação espiritual de grupos penitenciais, os "collegia" dos penitentes que seguiam os ensinamentos de São Francisco acabaram por dar lugar à Ordem da penitência de São Francisco . Isto no sentido oficial, quando teria sido institucionalizada pela Igreja. Popularmente já era conhecida e utilizada esta expressão desde os tempos da vida de São Francisco de Assis.

A Ordem Franciscana Secular, assim chamada depois do Concílio Vaticano II, em conseqüência do "aggiornamento" pós conciliar, é uma associação pública na Igreja , formada por fiéis privilegiados, por serem beneficiários de uma "graça concedida em favor de determinadas pessoas" , para viver uma vocação específica, com uma precisa identidade.

A vida apostólica de São Francisco e de seus primeiros companheiros, indiscutivelmente, teve início na sua experiência de "conversão" (metanoia). Sua conversão se expressou num compromisso pessoal de transformação interior e num dom de iluminação para os outros. Converter-se significa reconhecer a universal paternidade de Deus sobre toda a criação e significa reconhecer a universal fraternidade do homem com todas as coisas criadas.

A experiência de vida apostólica de São Francisco e de seus primeiros companheiros resume-se no seu esforço de converter-se e de pregar a conversão: facere et praedicare poenitentiam. Inicialmente, eles são (e são reconhecidos como) os "Penitentes de Assis" .

O "Memoriale propositi", que vigorou de 1221 a 1228, foi um documento da Igreja dirigido a todas as fraternidades de penitentes em geral, dentre eles, os de Assis. Foi aprovado pelo Papa Gregório IX para todos os penitentes da época, portanto sem nenhuma influência de Francisco de Assis.

Na Regra Não Bulada dos Frades Menores – (Cap. XXIII, 16 a 22), consta o ardente desejo de Francisco pela salvação de toda a humanidade. A inspiração original de Francisco consta da "Carta aos Fiéis", que é hoje o Prólogo da Regra de 1978.

O Papa Nicolau IV (que era frade menor) em 18 de agosto de 1289 aprovou a Bula "Supra Montem", com a qual a Ordem da Penitência do mundo inteiro foi confiada ao cuidado dos Frades Menores como visitadores e procuradores de suas fraternidades, sendo que, deste apostolado, deviam prestar contas diretamente aos Sumos Pontífices.

Em 30 de maio de 1883 o Papa Leão XIII (franciscano e membro da OFS), aprovou uma Regra específica para os franciscanos seculares, por meio da Encíclica "Misericors dei Filius". Nota-se menos rigor nesta Regra, pois o Papa entendeu que a situação do século XIII era bem diferente do século XIX. Somente em 25 de agosto de 1957 foram aprovadas as primeiras Constituições Gerais da OFS, relativas à Regra de Leão XIII. Não foram feitas a partir da própria OFS, mas impostas. Por isso não atenderam completamente às aspirações de muitos franciscanos seculares.

Pelo Breve Apostólico "Seraphicus Patriarcha", em 24 de junho de 1978 foi aprovada a Regra de Paulo VI, assinada poucas semanas antes de sua morte. Em 27 de setembro de 1982, o Papa João Paulo II recebeu peregrinos franciscanos seculares na sala máxima e lhes disse: "Amai, estudai e vivei a Regra da Ordem Franciscana Secular, ...Ela é um autêntico tesouro nas vossas mãos, sintonizado no espírito do Concílio Vaticano II e correspondente ao que a Igreja espera de vós. Amai, estudai e vivei esta Regra, porque os valores nela contidos são eminentemente evangélicos. Vivei estes valores em fraternidade e vivei-os no mundo, no qual, pela vossa vocação secular, estais envolvidos e radicados. Vivei estes valores evangélicos nas vossas famílias, transmitindo a fé com a oração, o exemplo com a educação, e vivei as exigências evangélicas do amor recíproco, da fidelidade e do respeito à vida. Cristo, o pobre e crucificado, seja para vós, como foi para Francisco de Assis, o inspirador e o centro da vida com Deus e com os homens". Esta Regra tem apenas 26 artigos, profundos, belíssimos pelo que contém. Muitos livros já foram escritos sobre ela, mas o Capítulo II, relativo à forma de vida é considerado o mais importante.

Em 8 de setembro de 1990, foram aprovadas em caráter experimental as Constituições Gerais da Regra aprovada pelo Papa Paulo VI com três grandes linhas mestras: a secularidade, a unidade e a autonomia. No decorrer de dez anos após ampla consulta, que envolveu todas as Fraternidades Nacionais com seus respectivos Conselheiros Internacionais e a própria Presidência do Conselho Internacional da OFS, essas Constituições Gerais foram atualizadas e suas emendas aprovadas em 8 de dezembro de 2000, promulgadas em 6 de fevereiro de 2001 e entraram em vigor a partir de 6 de março de 2001. No texto foram observados os seguintes critérios: adesão ao direito comum e ao direito próprio da OFS; respeito pelo texto já aprovado em 1990 pela Santa Sé; flexibilidade organizativa; adaptação cultural e lingüística.

2 A ORDEM FRANCISCANA SECULAR NO SÉCULO XXI

Como está a Ordem Franciscana Secular no século XXI? Com seus documentos organizados e aprovados pelas instâncias superiores competentes, a OFS tem condições de caminhar com orientações seguras. Todos eles foram escritos para serem observados pelos franciscanos seculares não como legalistas, mas para serem estudados, vendo por entre as linhas as luzes do Espírito que nos chamou a uma grande vocação, que é uma verdadeira escola de espiritualidade e de cidadania.

O binômio fé e vida está presente na vivência de toda a Regra da Ordem Franciscana Secular. Não há mais lugar para um devocionismo inoperante como ocorreu em algumas fraternidades no passado, mas para um dinamismo que envolve todo o cotidiano, em qualquer circunstância, tanto na vida pessoal como na fraternidade.

Com o passar do tempo, o crescimento da família e o desenvolvimento das atividades da Ordem Franciscana Secular, foi necessária sua atualização, que ocorreu com a Regra de 1978 e respectivas Constituições Gerais. Seus membros vivem em recíproca comunhão vital com toda a Família Franciscana e configura-se como uma união orgânica, isto é, como um corpo , cujas células vitais, as Fraternidades locais, por sua vez agrupam-se em Regiões, que abrangem as nações espalhadas pelo mundo, dando o sentido universal e eclesial, as quais têm na Igreja a sua própria personalidade moral .

2.1 [As Fraternidades Locais]

As Fraternidades Locais devem ser erigidas canonicamente e assim elas se tornam "a célula primeira de toda a Ordem" . Elas têm autonomia administrativa quanto aos seus bens e atividades apostólicas, estas organizadas por seus animadores e guias, isto é, os membros de seus respectivos Conselhos, os quais cuidarão de sua atuação em comunhão com as fraternidades do mesmo nível e as orientações recebidas das fraternidades dos níveis superiores.

É na fraternidade local que se desenvolve toda a vocação franciscana secular. Sendo a base de todo o edifício, podemos dizer que nela é que os irmãos e irmãs aprendem as noções sobre a OFS, sua forma de vida e atividade apostólica, esta com atenção especial à presença ativa na Igreja e no mundo, por uma sociedade justa e fraterna, a partir da vida na própria família, sendo mensageiros de alegria e esperança na secularidade.

A Eucaristia é o centro da vida da Fraternidade. Quando se celebra com a participação da Fraternidade procura-se sublinhar o vínculo fraterno que caracteriza a identidade da Família Franciscana. Os franciscanos seculares são convidados a participar com a maior freqüência possível, lembrando do respeito e do amor de São Francisco que na Eucaristia viveu todos os mistérios da vida de Cristo.

Cada fraternidade local é uma comunidade eclesial. Sua assistência espiritual é confiada ao cuidado pastoral da Ordem religiosa franciscana que a erigiu. O Assistente Espiritual é membro de direito, com voto, do Conselho da Fraternidade a qual presta a assistência e colabora com o mesmo em todas as atividades. Não exerce o direito de voto nas questões econômicas .

A JUFRA tem organização específica, com métodos de formação adequados para os jovens. Contudo, a OFS se considera responsável por ela e geralmente uma Fraternidade de JUFRA está intimamente ligada a uma Fraternidade Local da OFS. Até porque, embora seja livre a opção vocacional dos jovens tanto dentro como fora da Família Franciscana, a grande maioria ingressa nas fileiras da OFS. Temos atualmente a importante figura do animador fraterno, que é um membro professo da OFS, que atua na Fraternidade de JUFRA, como elo de ligação entre ambas. As Constituições Gerais da OFS dedicaram os artigos 96 e 97 à Juventude Franciscana, afim de orientar tanto os jovens, como a própria OFS para promover a vitalidade e expansão das Fraternidades de JUFRA. Também na JUFRA, a Fraternidade Local é a célula vital, onde os jovens vivem a formação inicial e o discernimento para a vocação a ser abraçada no seguimento de Nosso Senhor Jesus Cristo ao modo de São Francisco de Assis.

2.2 [A Fraternidade Regional]

A Fraternidade Regional agrupa as Fraternidades de vizinhança geográfica, ou realidades pastorais comuns, cuidando da união entre elas e a integração colegiada das Ordens Franciscanas Religiosas que cuidam da assistência espiritual em seu âmbito. É animada e guiada por um Conselho e um Ministro, regida pelos Estatutos Regional e Nacional e tem sede própria (adquirida, alugada ou cedida).

2.3 [A Fraternidade Nacional]

A Fraternidade Nacional é a união orgânica de todas as Fraternidades Locais existentes num país, unidas e coordenadas entre si, mediante as Fraternidades Regionais. É animada e guiada por um Conselho e um Ministro, regida por Estatuto próprio e tem sede (adquirida,
alugada ou cedida).

Geralmente em sua sede funciona o secretariado, que cuida do expediente, do arquivo, do almoxarifado e das relações com os membros do Conselho Nacional, com todas as Fraternidades Regionais e Locais que se dirigem a este órgão executivo para suas necessidades.

A constituição de Fraternidades Nacionais é de competência da Presidência do CIOFS a pedido e após diálogo com os Conselhos das Fraternidades interessadas e os Superiores Religiosos, aos quais competirá a assistência espiritual.

A Assembléia ou Capítulo Nacional representa todas as Fraternidades de seu território, com poderes legislativo, deliberativo e eletivo. A Fraternidade Nacional é uma instância de governo que, com seu próprio Estatuto determina a composição do Capítulo, bem como de seu Conselho, conforme suas atividades e condições culturais, a periodicidade, as competências e o modo de convocação.

2.4 [A Fraternidade Internacional]

A Fraternidade Internacional abarca todas as Fraternidades franciscanas católicas do mundo. Atua conforme seu próprio Estatuto e as Constituições Gerais. Tem característica diversa em sua composição: tem um Conselho Internacional com representantes das Fraternidades constituídas no mundo, que são os Conselheiros Internacionais, um representante da JUFRA e quatro Assistentes Gerais que formam a CAS: Conferência dos Assistentes Espirituais e pela Presidência do CIOFS, que a integra, juntamente com o Ministro Geral.

A Presidência do CIOFS é formada pelo Ministro Geral, Vice Ministro, sete Conselheiros da Presidência atualmente constituídos para as áreas lingüísticas: portuguesa, italiana, espanhola, inglesa (dois Conselheiros), francesa e alemã, um representante da Juventude Franciscana e os quatro Assistentes Gerais. As Constituições Gerais estabelecem no artigo 72.2, que os Conselheiros da Presidência podem representar as áreas baseando-se em critérios lingüísticos, culturais e geográficos.

Quando reunida em Capítulo Geral, a Fraternidade Internacional representa a máxima instância de governo, com poderes: legislativo, deliberativo e eletivo, podendo legislar e expedir normas conforme a Regra e Constituições Gerais. Isto ocorre para as eleições a cada seis anos e ao menos um Capítulo Intermediário a cada três anos.

A Presidência se reúne ordinariamente ao menos uma vez ao ano, contudo, dado o crescimento do número de Fraternidades, os trabalhos das Comissões de Presença no mundo, Jurídica e Econômica, bem como a realização das Visitas Fraterno Pastorais e Capítulos e, sobretudo, as Fraternidades emergentes, têm mostrado a necessidade das citadas reuniões serem realizadas ao menos duas vezes ao ano, sem prejuízo do uso constante da comunicação eletrônica via INTERNET, telefônica via SKIPE ou outros meios, além da via postal.

Pelas últimas informações obtidas na reunião da Presidência de abril de 2006, a OFS está presente em 103 países: 59 com Fraternidades constituídas e 44 com Fraternidades emergentes.

Quanto à sede, podemos dizer que este ano de 2006 é histórico para a OFS, pois, foi assinado o contrato de compra de um apartamento com boa localização em Roma, onde funcionará o Secretariado Internacional da OFS, com seu almoxarifado, arquivo e todos os equipamentos necessários às suas atividades administrativas e de contado com todas as nações do mundo. Isto ocorreu graças à colaboração colegiada de toda a Família Franciscana, bem como de todos os franciscanos seculares, que precisam continuar contribuindo até que seja quitado o referido contrato, bem como com as despesas ordinárias relativas às atividades do próprio Secretariado e Presidência do CIOFS.

2.5 Atividades comuns em todos os níveis

Formação inicial

Este tempo de formação inicial compreende duas fases:
  • A iniciação, na qual se observa nos candidatos as condições para a admissão à Ordem: professar a fé católica, viver em comunhão com a Igreja, ter boa conduta moral e dar sinais claros de vocação. Neste período deve ocorrer o discernimento da vocação e o recíproco conhecimento entre a Fraternidade e o aspirante.
  • A formação específica onde ocorre a maturação da vocação, a experiência de vida evangélica junto com a fraternidade e o melhor conhecimento da Ordem. Compreende reuniões de estudo, oração, experiências concretas de serviço e de apostolado. Dá-se abertura para que os formandos conheçam outras fraternidades, por meio de encontros distritais, jornadas franciscanas e outros eventos. Este período prepara os candidatos para a profissão ou promessa de vida evangélica, que é um compromisso perpétuo, que se celebra conforme as disposições do Ritual
    da OFS.
Formação Permanente

Esta formação compreende toda a vida. Tem por objetivo ajudar a cada membro da OFS em seu itinerário vocacional.

As fraternidades locais devem programá-la no ano precedente, sendo que devem buscar o elenco dos temas nas prioridades regionais, nacionais, internacionais e além desses, nas necessidades apresentadas pela Fraternidade, conforme tenha sido observado pelos membros do Conselho, ou em seu próprio Capítulo local.

A Assistência Espiritual e Pastoral à OFS

Este assunto é muito importante para a OFS. Somos a dimensão secular do carisma franciscano, não podemos nos distanciar de nossos Frades e Irmãs religiosas franciscanas, porque precisamos viver a recíproca comunhão vital entre todos os membros da Família Franciscana.

O cânon 303 do CDC assegura à OFS por meio dos seus Assistentes Espirituais a fidelidade ao carisma, a comunhão com a Igreja e a Família Franciscana, valores esses que são um compromisso de vida para os franciscanos seculares.

A atividade dos Assistentes é de competência dos Ministros Gerais para o Conselho da Presidência do CIOFS e Conselho Internacional e dos Ministros Provinciais para os Conselhos Nacionais, Regionais e Locais. As atividades podem ser exercidas pessoalmente, ou mediante um delegado idôneo e preparado.

Nas Fraternidades Regionais, Nacionais e Internacional, podem existir as Conferências, compostas de um representante de cada ramo da Família Franciscana: OFM, OFMConv, OFMCap e TOR, a fim de melhorar o desempenho das atividades da assistência espiritual, bem como acompanhar com adequado cuidado o cumprimento de suas atribuições.

Têm crescido muito o interesse pelo trabalho da assistência espiritual com o apoio dado pela Conferência dos Assistentes Gerais, que em 2002, editou o Estatuto para a Assistência Espiritual e Pastoral à Ordem Franciscana Secular e em 2006 o Manual para a assistência à OFS e à JUFRA (este ainda deverá ser traduzido para o português). Contudo, há muito a ser feito nas Fraternidades Nacionais, Regionais e Locais, sobretudo.

A Ordem Franciscana Secular valoriza muito os seus Assistentes Espirituais em todos os níveis, mas é na Fraternidade Local que sua atuação é de suma importância, pois eles têm ontatos mais freqüentes com os membros da Fraternidade, têm a oportunidade de conhecê-los e contribuir com sua formação inicial e permanente.

A Comunhão com a Família Franciscana e a Igreja

As Fraternidades da Ordem Franciscana Secular em geral são abertas à comunhão com toda a Família Franciscana, participando de atividades comuns e fazendo-se presente em ocasiões especiais para as quais éconvidada.

Muitos membros da OFS participam de organismos internacionais, nacionais, regionais e locais da Família Franciscana em diversos países.

A comunhão com a Igreja se realiza com mais ênfase nas Fraternidades Locais que atuam junto às respectivas Paróquias e aquelas cujos membros particularmente pertencem a uma Pastoral ou alguma atividade específica.

Existem também as atividades de membros da OFS nas Dioceses.

A OFS tem oferecido à Igreja ao longo da história, um bom número de diáconos, sacerdotes, religiosas, bispos, arcebispos, papas, santos e santas. Seus membros, têm, portanto, muitos exemplos para conhecer, amar e glorificar a Deus com suas próprias vidas, continuando esta obra.

A nível internacional há um vínculo muito particular com o Santo Padre o Papa, de quem a OFS recebeu a aprovação de todas as suas Regras e a confirmação de sua missão na Igreja e no mundo.

3 CONCLUSÃO

São patronos da OFS São Luiz IX, rei da França e Santa Isabel da Hungria. De Santa Isabel, estaremos celebrando o oitavo centenário em 17 de novembro de 2007. Como o XII Capítulo Geral da OFS será realizado de 15 a 22 de novembro de 2008, a Hungria ofereceu-se para ser a Sede do próximo Capítulo Geral, o que foi aceito pela Presidência, pois está previsto que nesta ocasião estaremos finalizando as comemorações do oitavo centenário do nascimento de Santa Isabel, que terá a duração de um ano. Junto a estas festividades a OFS participará também do oitavo centenário do nascimento do carisma e da aprovação da Regra deSão Francisco junto com toda a Família Franciscana.

Em todo o contexto da Ordem Franciscana Secular no século XXI, o que realmente importa a todos que abraçaram esta vocação é nossa vitória final com Cristo. Lutamos por um mundo de paz, de fraternidade, de amor a todas as criaturas, com os olhos postos no Evangelho, na Regra e no mundo de hoje.

O mundo é nossa cela, nele passamos por todas as situações comuns de todos os homens e mulheres que se põem a caminho para alcançar sua meta como filhos de Deus.

Como São Paulo o fez, podemos também nós comparar nossa corrida vivendo de tal modo que, afinal, possamos dizer: combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. Sim, guardar a fé e fortalecê-la para animar a outros para viverem a vocação franciscana secular, ou qualquer outra na Família Franciscana, ou mesmo ajudar as pessoas a viverem melhor sua vida cristã na Igreja é um grande desafio para os nossos dias e felizes aqueles e aquelas que perseverarem até o fim.

O ideal de vida dos franciscanos seculares é algo grandioso, que nos faz alcançar a intimidade com a Trindade Santa e viver em paz no meio de tantos conflitos e sofrimentos dos quais até mesmo nós, que vivemos nossa fé, não estamos livres de sermos vitimas ou por infelicidade, autores de situações constrangedoras, como seres humanos que somos.

Contudo, nem São Francisco, e tantos outros santos passaram por esta vida sem altos e baixos, alegrias e sofrimentos, sucessos e fracassos. A vida da Ordem Franciscana Secular tem sido assim também, ao longo dos séculos, mas ninguém poderá deixar de afirmar que para quem tem a vocação franciscana secular, este é um caminho seguro, garantido por Nosso Senhor Jesus Cristo, para alcançar a plenitude da vida, não só para a eternidade, mas começando a vivê-la desde já, para continuar a construir a história desta Ordem que tantos santos já levou aos altares.

Confiantes no Evangelho, na Regra e na misericórdia do Senhor, continuaremos a viver nossa vida de penitência no século XXI, plantando sementes, das quais, não vemos o crescimento, mas o Senhor de tudo é quem conhecerá o verdadeiro fruto na colheita final.

Autora: Maria Aparecida Crepaldi, OFS
Síntese: Rosalvo Mota, OFS

domingo, 2 de outubro de 2011

Lançamento de Livro do Frei Dorvalino

No próximo dia 03 de outubro durante a celebração do Trânsito de São Francisco, às 19h, na Paróquia São Francisco, Porto Alegre,
 a Província dos franciscanos Menores do RS fará o lançamento de mais um
 livro dedicado à Espiritualidade franciscana com o título:
IRMÃOS E IRMÃS DA TERCEIRA ORDEM REGULAR DE SÃO FRANCISCO REGRA E VIDA - LIDA E COMENTADA

de Frei Dorvalino Fassini, ofm.

Nesta
 obra, o leitor poderá confrontar-se com a descoberta mais expressiva,
admirável e profunda de Francisco acerca da penitência evangélica –
essência, princípio originário e fio condutor de toda a nova e atual Regra e Vida dos Irmãos e das Irmãs da Terceira Ordem Regular de São Francisco:
 o jubiloso caminho de retorno do filho pródigo – inaugurado pela Paixão
 do Filho do Homem, Jesus Cristo pobre e crucificado, o novo Adão, a
humanidade e a criação toda - para sua origem, o paraíso perdido, a casa
 do Pai do céu.
Essa obra não se encontrará nas
Livrarias ou Casas do ramo. Em compensação pode ser adquirida na
mencionada Paróquia ou recebida em casa através do Correio.

Pedidos:



Província São Francisco de Assis, OFM

Av. Juca Batista, 330

91770-000 – Porto Alegre – RS

Tel: (051)3246-9937

3246-1768

Email: icsfa@terra.com.br

icsfa@portoweb.com.br

Ou:

Frei Dorvalino Fassini, ofm

R. São Luis, 607

90620-170 –Porto Alegre – RS

Tel: (051) 3219-5769

3223-3244

Email: dfassini@portoweb.com.br



Outras obras à disposição:


  • Vida Consagrada e Formação, 2002, 213 p.

  • Vida e Regra Franciscana, 2005, 390 p.

  • Franciscano Secular – Vida e Regra, 2007, 170 p.

  • São -Francisco de Assis – Juventude e Conversão, 2009, 234 p.

  • Exposição sobre a Regra da Ordem dos Frades Menores, 2009, 134 p.

  • São Francisco conta sua Vida, 2010, 47 p.

  • São Francisco de Assis – Testamento – Leitura e Comentários, 2010, 157 p.

  • Fontes Franciscanas – 1596 p.